domingo, 1 de outubro de 2017

"NOTICIA"Autor angolano lança livro na Suécia[Confira Aqui(Portal Channel ON/namibe)]

O Reino das Casuarinas”, o primeiro romance de José Luís Mendonça, foi traduzido para sueco e lançado no dia 28 de Setembro na Feira Internacional do Livro de Gotemburgo, a segunda maior cidade da Suécia



Agora com o título de “Kungadomet I Kasuarinskogen”, a obra traduzida por Gunilla Winberg, proprietária da editora Panta Rei, passa a fazer parte da biblioteca de autores angolanos publicados na Suécia.
“O Reino das Casuarinas” foi publicado originalmente em português pela Leya - Caminho e Texto Editores em Lisboa e em Luanda, em 2014. Trata-se de um romance histórico, com duas estórias paralelas, a do narrador auto-diegético, Nkuku, que conta a sua experiência traumática desde o início da luta de libertação nacional em 1961 até 1987, enquanto desvenda a razão da fundação, na Floresta da Ilha de Luanda, de um reino cuja população é composta por sete doentes mentais, governados por uma mulher, a Rainha Eutanásia. “Parece que virar maluco, pode ser uma estratégia de sobrevivência humana perante os lobos do próprio homem. Este livro é uma homenagem a essa classe de sombras que ninguém vê passar no tempo”, defendeu José Luís Mendonça.
Um dos personagens é um gato chamado Stravisnky, um Mau Egípcio, dotado de poderes mediúnicos. A acção desenrola-se em vários cenários, indo até à Alemanha Democrática, para lá do Muro de Berlim, onde Nkuku foi estudar Economia e depois regressa à Angola dos anos 80, quando se iniciava o processo de reestruturação da economia angolana. Chamado a dar o seu contributo às teses apresentadas pelo economista José Cerqueira, Nkuku, então funcionário do Ministério das Finanças, produz um ensaio intitulado “Se os Ministros Morassem no Muceque”, que o levou à despromoção.

Personagens reais


O romance também tem personagens reais, como a escritora Gabriela Antunes, Luandino Vieira, Jorge Macedo, David Mestre e o seu amigo Kangrima e os políticos mais carismáticos do período em referência. “Tem muita gente dentro deste romance que ele deixa de ser romance para ser Angola total”, como explicou o autor no acto do lançamento.
“Este romance faz a evocação de um tempo de graves acontecimentos, nos quais o homem comum, o homem simples e apolítico se viu amarrado numa teia inesperada e caótica de medos vários, resultantes de dissídios ideológico-militares, e aborda a problemática da contradição crucial entre o livre-arbítrio e o determinismo social que desemboca na questão do direito de viver ou da segurança do indivíduo, enquanto cidadão do Mundo”, explicou.
Por outro lado, o autor considera que “o registo histórico que esta obra fixa é essencial para contrariar o branqueamento do passado, elevando como heróis as vítimas e o homem anónimo”. 
Por último, o autor teceu considerações sobre a razão do título e da localização espacial do romance na Floresta da Ilha. “O romance é um panfleto contra a destruição ecológica da Ilha de Nossa Senhora do Cabo. É uma homenagem às casuarinas, essas belas árvores coníferas da nossa terra”, disse a concluir.

“Formação e Cultivo” (Bildung and Cultivation) é o tema principal da Feira do Livro de Gotemburgo de 2017 e é inspirado pela literatura. Seja em escolas, universidades ou bibliotecas, a literatura ajuda a disseminar o conhecimento do Mundo e a interpretá-lo criticamente. No campo da cultura, ajuda a canalizar a experiência do ser humano e é uma ferramenta para entender e navegar num Mundo complexo e conflituoso e, talvez, uma ferramenta para mudá-lo também.
Cerca de 100 mil visitantes vão passar pelos stands de mais de 800 expositores de todo o Mundo presentes na feira, que se estende até 1 de Outubro, data em que José Luís Mendonça vai transportar o nome de Angola e a sua literatura até Estocolmo, a cidade capital, onde deve proferir palestras e ter encontros com escritores suecos.

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